“Passar
a vida inventando maneiras de lidar com a solidão, faz com que a gente se
acostume com ela.” — Os
silêncios de Georgia Willian.
*Duas Semanas depois*
— Louise, Louise! – sou despertada
dos meus pensamentos, quando ouço a voz de Maggie me chamando.
— Hey Mags, o que se passa? – eu a pergunto.
— Mason e o Norman brigaram. –
me diz apressadamente.
— Mais o que? Por que diabos
eles iriam brigar?? – a pergunto assustada
— Eu não faço ideia, mas você
sabe o quanto o Norman e o Mason se odeiam.
— Jesus, era só o que me
faltava. O Mason realmente não aprende – dou um suspiro. – Sabe onde ele está
agora? - a pergunto novamente.
— Na secretaria.
— Obrigada Maggie – a agradeço
e saio correndo dali em direção à secretaria.
— Onde está indo Lou? – a
ouço me perguntar a certa distância de mim.
— Vou atrás do Mason, algum tem
que cuidar de tudo Mags. – olho para trás e a respondo. “Mason só me dava
trabalho”
Assim que chego à secretaria, vejo
Mason e o Norman saindo da sala do Diretor Blanchett, os três não estavam com o
rosto muito bom.
— Senhorita Butler, bom ter a
sua presença aqui – diz o Diretor se referindo a mim. – Podemos conversar em
particular? – diz apontando para a sua sala.
— Claro Senhor Blanchett –
disse e me dirigi a sua sala. – Me espere aqui Mason – falei olhando para trás.
— Sente-se Butler – o Diretor
ordenou, e eu me sentei. – O assunto que tenho a tratar com a Senhorita é bem
serio.
— Eu imagino Senhor.
— Desde ano passado o seu irmão
vem apresentando comportamentos inaceitáveis. Está ciente disso, certo?
— Sim Senhor. – confirmo.
— Quero soluções imediatas para
acabar com o problema do Senhor Butler.
— Diretor, eu juro que essa vai
ser a ultima que ele apronta este ano, por favor, o de mais um chance, ele vai
melhorar. – digo o implorando.
— Senhorita Butler, já me disse
isso varias vezes no ano passado, e em nenhuma das vezes ele apresentou uma
melhora depois.
— Diretor, eu sei disso, mas,
por favor.
— Faço isso por seus pais, não
por ele, agora pode sair. – me levantei querendo matar o Mason.
— MASON! – gritei com ele,
assim que saí da sala.
— Se soubesse que você iria
ficar gritando nem teria ficado aqui te esperando. - me responde revirando os
olhos.
— Mason você tem ideia do
tamanho das suas atitudes? VOCÊ PODERIA SER EXPULSO.
— Eu não ligo, e afinal eu não
seria expulso, você já viu os valores dos cheques que o pai manda para este
homem? – me pergunta com a maior cara de sínico possível.
— Não fale assim comigo Mason,
estamos falando de um assunto sério – o repreendo. – Por que você brigou?
— Aquele cara é um babaca, e eu
o odeio.
— Não podemos bater nas pessoas
só por que a odiamos. Me vê batendo em quem não gosto por ai? – o pergunto.
— Claro que não, você é a
perfeitinha Louise.
— Não fuja do assunto, me diga,
por favor, que vai melhorar ou se não serei obrigada a reportar isso tudo com o
papai.
— Aaai que medo Lou – ironiza.
— Me diga que vai melhorar
Mason.
— Vou tentar.
— Tentar? Nada de tentar, disse
ao Diretor Blanchett que você mudaria as suas atitudes a partir de agora.
— Já disse que vou tentar
maninha, tchau. – me responde e me deixa sentada no banco sozinho da
secretaria.
Desde que nascemos eu e o Mason fomos
criados por Mia, nossa babá e não por nossos pais, nosso pai Antony só vivia
para o trabalho, enquanto nossa mãe Ella só tinha olhos para as lojas de grifes
e para os caros solões de beleza, a sua vida era e é baseada em coisas
superficiais. Quando eles estavam em casa, papai só sabia ficar trancado no
escritório, e mamãe ficava no quarto com o seu inseparável celular, parecia até
mesmo uma adolescente. Nas refeições em que estamos juntos na mesa, o único som
que se era ouvido eram dos garfos e das facas batendo no prato e também
dos copos que se chocavam na mesa. Nossa relação era fria, parecíamos um monte
de estranhos juntos. Sempre que eu ou o Mason reclamávamos de algo era sempre a
mesma fala dos dois “Tome esse dinheiro e compre algo, vai te deixar feliz”,
essa era a nossa criação. O amor que recebíamos vinha todo de Mia, ou com á
apelidamos “Mãe Mia”, a falta de carinho era tão grande que para preencher o
vazio em nosso peito, passamos a chamar a Mia de Mãe, por que em nossa opinião
mãe é aquela pessoa que está sempre junto, nos ajudando, nos dando apoio nas
melhores e nas piores horas, é a pessoa de nos dá amor, e não aquele que os
deixa a mercê de outra e sai para se divertir. Foi Mia, que nos ensinou o que
era certo e o que era o errado.
Mason sempre foi um garoto
muito bom e amável, quando era criança ele era muito tímido quieto, mas com o
passar dos anos e com o amadurecimento ele precisava de uma figura paterna em
sua vida, e como o nosso pai estava ocupado demais o trabalho, ou com os peitos
de sua secretária, Mason achou um jeito de chamar a sua atenção, e era por meio
de brigas e tirando notas baixas na escola que ele tentava chamar a atenção de
nosso pai, foi ai que tudo começou, quanto mais Mason aprontava mais Antony
brigava com ele, e assim o ciclo vicioso continuava.
***************
Mais um ano começava e com isso mais
o sofrimento se alastrava sobre o meu corpo e a minha mente. Quanto mais eu
olhava para as cicatrizes, mais eu me culpava, eu era fraca, fraca por me
deixar levar e pensar que dor de uma lamina melhoraria
a dor que eu sentia psicologicamente. A minha caminhada para escola só servia
para me lembrar desses acontecimentos, quanto mais eu pensava mais eu ia
enlouquecendo, meu corpo já estava farto das minhas más escolhas, eu sabia que
era errado, mas eu não conseguia parar. Os cortes eram as minhas válvulas de
escape, o meu sofrimento tinha que sair para algum lugar, e a saída que
encontrei foi à dor física.
Uma das coisas que
eu mais odiava, eram os olhares constantes que recebia, “Olhem para a garota
estranha, se divirtam”, e isso era o que eu mais recebia dos outros alunos da escola.
Assim que passava pelo portão da escola começava mais um capítulo de dor.
Fui a caminho do meu
armário, passar pelos corredores arrebatados de alunos me assustavam, pessoas
me assustam, pessoas são o meu maior pesadelo. Cada um só liga para o seu próprio
coração, e na maioria das vezes eles são o que destroem os corações da outras
pessoas. Nós não nos importamos nem ligamos para os sentimentos dos outras,
queremos apenas o nosso próprio bem estar emocional. Com dizia Christine
Ventura “Perdi a fé nas pessoas”, e por todos os acontecimentos
na minha vida, sim eu havia perdido.
O azar sempre fez parte da minha
vida, e desta fez não seria diferente. A caminho do meu armário tive o infeliz
encontro com Rachel Crowe, na verdade não foi um encontro, eu como uma
desastrada nata, sem querer trombei com a Crowe, derrubando o seu copo de suco
no chão.
— Desculpe-me, por favor,
Rachel eu não tinha intenção, por favor – disse já me desesperando com o que
poderia acontecer a seguir.
— Olivia Brecht,
tinha que ser você – me disse com a maior cara de nojo. – Não se cansa de você
não querida? Deve ser triste acordar todos os dias e se ver – acabou a sua fala
rindo.
— Eu já lhe pedi desculpa. – e
sai.
— Onde pensa que vai perdedora?
– disse pegando o meu braço e me puxando para a sua frente de novo. – Acha que
só pedindo desculpa vai se redimir? Está muito enganada.
— O que eu devo fazer então? –
queria sair correndo dali e me trancar no meu quarto e chorar.
— Deixe-me pensar. – nesse
momento ela se abaixou e pegou o copo de suco do chão, agora todos do corredor
nos observavam. – Beba – disse me oferecendo o copo.
— Não – eu estava com medo, mas
não a deixaria me humilhar mais uma vez, já estava cansada.
— Se é assim que você quer –
neste momento ela jogou o resto do suco que estava no copo na minha calça – Ooops caiu – sínica ela me respondeu.
Meus olhos já se encheram de lagrimas
e quando eu estava prestes a correr, ela completa com mais uma frase.
— Olhem gente, a Brecht fez
xixi nas calças HAHAHAHA – gritou para todos no corredor ouvirem, assim que ela
acabou de dizer isso vieram à chuva de risadas e piadas de todos os presentes.
“Mais uma vez eu sendo o palhaço do circo, que era aquela escola.” Meus pés se
movimentaram sozinhos e eu sai dali correndo em direção ao banheiro, só queria
chorar naquele momento.
Quando cheguei ao banheiro me tranquei
em uma cabine e desabei, eu odiava chorar, mas não podia me dar ao luxo de me
aliviar na escola, se alguém descobrisse, não sei o que faria. O que restava
agora era chorar.
*****************
— Olha lá a mijona da escola – gritou
Rachel Crowe, para todos no corredor, enquanto eu via uma menina saindo
correndo de perto dela, com as mãos no rosto, provavelmente chorando. Já estava
farta das brincadeiras da Crowe “Por Deus, Brecht não tinha feito nada de mais”
Alguém devia ensinar uma lição a ela.
Já fazia um tempo em que eu não
treinava, precisa aliviar a tensão, as minhas mãos já estavam tremendo. Desde
que me conheço por gente eu sempre tive problemas para controlar a raiva, eu
acabava sempre perdendo a paciência e partindo para cima de alguém, esse era
uns dos motivos para o pessoal daquela escola me odiar tanto, eu era explosiva,
perdia a calma muito rapidamente, tinham medo de mim. Quando eu tinha 14 anos
que o problema começou a ficar mais sério. Uma garota havia me humilhado na
frente da minha antiga escola toda, eu perdi a cabeça e voei para cima dela, no
final eu quebrei o braço e o nariz da garota e fui expulsa, e ainda tive que
ter acompanhamento médico toda semana, devido a este meu problema. No final
acabou que o psicólogo me disse que devia praticar boxe para me ajudar a
descarregar a raiva em algum lugar, e não no rosto de alguém.
— Florence olhe lá o que você vai fazer – Ashton disse
atrás de mim.
— Eu estou calma Ash, só
preciso dizer algo àquela lá – disse parando de andar e me virando para trás.
— Florence você não esta bem,
suas mãos estão tremendo – e pegou as minhas mãos. – O que o médico disse para
quando não tiver o seu saco de pancadas? – me pergunta como se estivesse
falando com uma criança.
— Respirar bem fundo e contar
até dez, e sair de perto. Eu sei tudo isso Irwin.
— Sei que você sabe, mas
lembre-se o Diretor disse que seria a sua ultima chance. Não quero que você
seja expulsa Floren.
— Não vou ser Ashton, mas a
Crowe não pode sair impune dessa, você viu o que ela fez a Brecht.
— Então vamos lá falar com ela,
mas civilizadamente. – antes mesmo que ele terminasse de pronunciar a frase, eu
já tinha voltado a andar em direção a Rachel, ela era o demônio.
— Não se cansa né Rachel,
precisa humilhar os outros para se sentir bem, tenho pena de você. – disse
parando na sua frente. O corredor ficou todo em silencio em outra vez, bando de
otários.
— Cão de guarda agora Wayne?!
Pensei que não combinava com você – ela adorava provocar.
— Foda-se você Crowe e as suas
implicâncias – nessa hora senti as mãos de Ashton no meu ombro.
— Está a protegendo por quê?
Ela te pagou ou algo do tipo? – falou rindo no final para as suas amigas
— Sim, ela me pagou, e adivinha
para o que ela pagou?
— O que?
— Para lhe dar um murro na
cara.
— Vadia – quando eu ia
respondê-la a inspetora chega ao corredor e pergunta:
— Algum problema aqui? Wayne?
Crowe? – diz olhando diretamente para nós duas.
— Nenhum problema Inspetora
Flynn – responde a falsa da Crowe com o seu sorrisinho.
— Então por que estão todo
aqui? Vão para a sala agora – gritou com todos os alunos – Estou de olho em
você Wayne – disse falando diretamente para mim. – Para sala agora, todos vocês
– nós olhou e saiu.
— Isso não acaba aqui Wayne –
Rachel disse e saiu com o seu fã-clube atrás.
— Estarei esperando Crowe. –
gritei para ela no corredor. – Calma Ashton, ainda estamos na segunda semana de
aula. – virei e sai.
— Isso é o que me preocupa Floren.
– me responde já do meu lado.
***********************************
Qual era a necessidade
de se estudar aquelas fórmulas enormes e mirabolantes de matemática, sendo que
nunca a usaríamos depois que saíssemos da escola, uma total e
completa perda de tempo.
— Calum! – sou desviado dos
meus pensamentos quando o meu nome é pronunciado pela professora com um
tom nada feliz.
— Sim Senhora Cohan – respondo
levando rapidamente a minha cabeça da carteia.
— Ouviu o que eu disse Senhor
Hood?
— Claro... – dou uma pausa –
que não. – e a sala se enche de risada, trouxas mesmo.
— Passarei um trabalho para
vocês turma, serão 60 questões, vou dividir a turma em grupos de quatro
pessoas. Quero-o pronto para a próxima semana. – e a turma se encheu de vaias –
Silencio! E como castigo as vaias, eu iriei dividir os quartetos. – e terminou
a sua tortura dando um enorme sorriso no final. Por que as professoras de
matemática tinham que ser tão más? Um pouco de paz no coração, por favor, se
tiverem coração também. Assim ela começou a dizer os nomes dos grupos. Estava
torcendo para não cair no grupo dos babacas.
— Haley Wilcox, Ashton Irwin, Luke Hemmings e Louise Butler– Haley
deu sorte, Louise era uma das alunas mais inteligentes de todo
o colégio.
[...]
— Olivia Brecht, Michael
Clifford, Calum Hood e Florence Wayne – assim que ouvi o meu nome sendo
pronunciado não consegui prestar atenção em mais nada dito pelo Senhora Cohan,
eu só olhei para trás e vi os rostos dos meus dois companheiros de equipe nada
felizes, eu tinha medo deles. Mas por outro lado eu não estaria sozinho
nessa, Olivia estaria comigo, o pior é que ela nunca falava nada com ninguém,
mas era inteligente o que iria salvar todos nós.
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