quarta-feira, 2 de novembro de 2016

We all have problems! - Capítulo 7 - Thoughts that terrify.

Estou confuso. Muito confuso. Tem um abismo. Sim, daqueles bem fundo ainda. Estou na beira. Até parece que aprendi a dançar balé clássico, pois estou na ponta dos pés, uma mão tentando manter o equilíbrio e a outra segurando o mundo. E também, tem aquela vontade insana de sumir, de me enfiar em um buraco, ou me jogar desse abismo para ver o que me aguarda. Já disse que estou confuso? Cansado também. Com fome, não. Não estou com fome, normalmente não sinto fome, não sinto vontade de comer mais nada. Queria dormir, como eu queria! Queria virar a bela adormecida também e tirar um cochilo dos deuses, porém, por favor, sem príncipes e nem princesas. Não quero acordar emburrado. E dormir ultimamente é umas das coisas que venho gostando e praticando bastante. Porém, não o suficiente para me saciar. Parece que o ponto final da minha história já foi traçado, agora só falta ter paciência para ir lendo devagar, pois está porvir dias longos e horas incontáveis de sofrimento.”
— 
O Vento do Oeste.


— Olá! – levo um susto assim que ouço a voz de Calum atrás de mim. – Olá Emily. – diz dando um sorriso irônico a minha possível nova amiga, que estava na minha frente.
— Olá Calum, tchau Calum. – Emily o responde saindo perto de nós. – Depois nos falamos Haley. – diz antes de desaparecer no amontoado de alunos que estavam presentes no extenso corredor.
— Eu acho que ela não gosta de mim. – Calum diz parado ao meu lado observando o caminho percorrido por Emily.
— Agora que você descobre isso Cal? – o pergunto me virando para ficarmos finalmente de cara a cara.
— Eu não tenho culpa por aquele lance não ter dado certo entre nós. – se justifica.
— Eu acho que ela ainda gosta de você. – digo e ele olha assustado para mim. – É sério Calum, uma garota não guarda tanta raiva assim de alguém atoa. – o explico.
— Naaaão!
— Vou passar o seu número para ela. – digo enquanto pego os livros que preciso em meu armário.
— Nem pense em fazer uma coisa dessas Wilcox.
— Por que não? Ela é legal.
— Legal? Legal só se for com você. – Calum diz em sua atual cara de indignado e horrorizado, e o único som que era possível sair da minha boca neste momento era o som das minhas gargalhadas. Nestas semanas que se passaram depois do inicio das aulas, eu o Calum demos inicio a uma bela amizade, ele era um garoto incrível e com um ótimo senso de humor, e eu peguei uma estranha mania de adorar zuar com a cara dele, era demais vê-lo irritado por ações tão bobas. – Vamos Daisy, quero chegar em casa logo. – diz Calum me chamando em direção á saída da escola. – Não gosto de ficar na escola mais que o necessário.
— Vamos. – digo sorrindo e o acompanhado em direção ao portão de saída.
— Posso te falar algo? – Calum me pergunta depois de algum tempo da caminhada que estávamos fazendo para chegar em casa.
— Claro – o respondo.
— Sabe... Antes das aulas começarem eu pensava que você era o tipo de garota isolada, do tipo antissocial. – ouço as palavras saindo com cuidado da sua boca. – Não fique bravo comigo!
— Não vou ficar brava com você. – o respondo dando um meio sorriso em sua direção.
— Quando você chegou lá em casa, você estava com um mau humor extremo, mal nos cumprimentou direito. – diz e explicando. – Pensei que você fosse colocar fogo na casa com os seus olhares. – diz dando uma risada no final, uma risada que eu o acompanho.
— Quando eu cheguei aqui eu também não gostei de você, a sua cara de metido me enjoava. – digo isto e observo fazer uma cara de indignado. – Vamos ser sinceros. – digo sorrindo em sua direção. – Mas quando eu cheguei aqui, eu estava de mau humor porque eu não queria estar aqui, eu realmente odiava estar, eu estava com inúmeros problemas na minha mãe. Desculpe-me por ter descontado isto em você e no seu pai, vocês foram muito receptivos comigo, obrigada.
— Eu confesso você nos tratou horrível, mas agora percebi que você não é tão chata assim. – diz sorrindo para mim.
— Obrigada Calum. – digo retribuindo o sorriso.
*
— Eu acho que nós deveríamos sair para comer uma pizza. Vamos família? – não pai, péssima ideia.
— Uma ótima ideia. – diz minha mãe Liz concordando com o meu pai Andrew.
— O pessoal na delegacia falou de um lugar maravilhoso, falaram que é a melhor pizza da cidade. O que você acha Luke? – diz meu pai perguntando a mim.
— Hm, hoje à noite? – pergunto em uma tentativa feita para atrasa-lo e arrumar uma desculpa descente para faltar o “grande” jantar em família.
— Sim, hoje à noite. – me responde, e neste momento o meu celular vibra com uma notificação de mensagem. Salvo pelo gongo.
— Hoje à noite poderei ir. – o digo.
— Por que meu filho? – pergunta a minha mãe, será que davam para parar de fingir ser uma família normal.
— Hoje o pessoal no colégio dará uma festa, e eu irei.
— Vai perder uma noite em família para ir a uma festa? – meu pai me pergunta.
— Mas foi você que disse pai, que eu deveria me enturmar mais, e que jeito melhor de se enturmar do que indo a uma festa? – o respondo.
— Tudo bem então, podemos marcar de ir outro dia.
— Sim, agora vou subir para o meu quarto. – digo me levantando do sofá e subindo a escada apressadamente antes que eles falassem algo a mais. Passo no corredor que me leva ao meu quarto e vejo inúmeras portas retratos, de uma família que eu nem conhecia mais. Não podia negar que as fotos eram bonitas, por que era nelas que estava retratada uma família quase que perfeita, mas o tempo passou e de quase perfeita a família foi para destruída. Eu não os odiava, longe disso, eu apenas não gostava do jeito quase que teatral em que eles resolviam todos os seus problemas. Assim que chego ao meu quarto me jogo na minha cama e pego o meu celular para reler a mensagem de Jake.
“Festa hoje na casa do Oliver, topa Hemmings?”
“Conte comigo nessa Border” o respondo e bloqueio meu celular e o jogo no meu criado mudo ao lado da minha cama. Dormir era o que eu mais ansiava neste instante, os deveres escolares que ficassem para mais tarde.
*
Sou despertado do meu sono, com o barulho de vidros se quebrando, e aquilo só podia significar uma coisa. Era mais uma detestável briga entre os meus pais. Saio silêncio do meu quarto de desço as escadas em direção à cozinha de onde vinha todo o barulho.
— EU EXIJO QUE VOCÊ ME RESPEITE KAREN, SE NÃO FOSSE POR MIM, NESTE EXATO MOMENTO VOCÊ E MICHAEL ESTARIAM SEM UM TETO PARA MORAR. – antes de chegar à cozinha já ouço a voz estridente de Daryl. Eu chego à porta da cozinha e vejo Daryl de costas para mim e a minha mãe agachada no chão a sua frente rodeada por cacos de vidro. Daryl era um desgraçado. Assim que o meu olhar se encontra com o da minha mãe, ela olha para mim, um olhar que dizia que era para eu sair dali e me trancar no quarto, infelizmente eu já estava acostumado com aquele olhar, ele partia o meu coração. — O QUE ESTÁ OLHANDO TANTO? – Daryl grita mais uma vez e se vira para mim, e sinto o cheiro de bebida empregando em sua roupa. — AAH CHEGOU O FILHO DE OURO, VEIO PROTEGER A MAMÃE FOI? – diz com a sua voz carregada de ironia e malícia. Eu sabia que se eu o respondesse agora só pioraria a situação minha e da minha mãe. Doía-me saber que qualquer movimento que eu fizesse agora ele descontaria tudo em minha mãe, eu me odiava por me sentir tão inútil, a única coisa que eu podia fazer era ir ao seu lado e ajuda-la, e isso foi o que eu fiz. – VAI AJUDAR A VADIA MESMO, EU ESTOU SAINDO E QUANDO EU VOLTAR QUERO TUDO LIMPO. – diz o monstro, vulgo Daryl pegando as chaves do seu carro e saindo dali, fugir era o melhor que ele sabia fazer. Assim que eu ouço o barulho do motor do carro de distanciando casa, eu me viro para a minha mãe e pergunto.
— O que ele fez desta vez? – a pergunto realmente irritado.
— Nada querido. – me responde tentando cessar as suas lágrimas.
— Mãe, olhe para mim. – digo pegando em seu rosto e a fazendo ficar virada para mim.  – Isto. – e neste momento aponto para vermelhidão e estava em torno de seus olhos. – não pode ser nada.
— Michael, você sabe com ele é, ele chega em casa bêbado e acha defeito em tudo.
— Não posso deixar mais isso acontecer, isto está a matando. Temos que ir embora daqui já. – digo a colocando sentando na cadeira.
— Sabe que nós já tentamos isso, e não deu certo.
— Desta vez é diferente, eu estou mais velho e posso arrumar um jeito de nos proteger.
— Não quero que entre no meio disto Michael. – me alerta.
— Eu já estou no meio disto desde que nasci. Não pode continuar mais.
— Viva a sua vida Mike, saia, arrume amigos, se divirta, se apaixone, viva Michael. Não pode gastar o resto da sua vida tentando consertar algo que já está quebrado há muito tempo.
— Não me peça para desistir da senhora.
— Não estou pedindo que desista, estou pedindo que esqueça.
— O que está me pedindo é impossível, sabe disso?! Não pode pedir a um filho que deixe a sua mãe ser espancada toda noite pelo marido e não fazer nada. Está completamente errada. – eu não aguentava mais ouvir uma palavra dela, tudo o que ela falava perfurava a minha alma. As lágrimas já saiam aos montes dos meus olhos, e não estava ligando. – Não pode fazer isto.
— Mike me ouça.
— PARE! Eu não aguento ouvir isto mais.
— Você há de ser forte querido.
— Eu não sou forte o bastante.
— Sim, você é. Quero que saiba que se algo acontecer a mim no resto deste ano, você deverá...
— Não, não continue. – a interrompo antes que ela possa terminar a sua frase.
— Seja forte, eu sei que você é. E é o garoto mais corajoso que eu já conheci na minha vida. Como ia dizendo, eu não me sinto bem há algum tempo, se algo...
— Não fale isso mãe. – a interrompo novamente, e me ajoelho a sua frente pegando em suas mãos.
— Deixe-me continuar Michael. – fala e dá uma longe pausa, talvez ela estivesse encontrando forças, como eu, para tentar continuar, eu nunca imaginaria o quão difícil estaria sendo aquele momento para ela. – Quando eu partir... – e as lagrimas que já saiam descontroladas em mim, apenas se agravaram. -... Não se culpe, durante todos esses anos, você foi a minha única salvação.  Era o seu sorriso que fazia tudo valer a pena, era em seu conforto onde eu me sentia mais segura e mais feliz. Então quando eu não estiver mais aqui, eu quero que você fuja, mas para bem longe e nunca mais volte ou olhe para trás, tome cuidado, não deixe que Daryl destruía ainda mais a sua vida, se permita ser feliz. Encontre uma garota que faça o seu dia valer a pena, assim como você faz o meu.
— M-mãe. – digo a voz falha de tanto que eu chorava. Eu odiava chorar.
— Não chore meu filho, você ainda tem um longo caminho a percorrer. – diz em uma tentativa falha de me fazer parar de chorar. – Sabe o meu disco favorito? – me pergunta e eu confirmo com a cabeça. – Dentro dele está uma quantia em dinheiro que eu venho guardando há algum tempo, eu sei que não é muito, mas vai te ajudar em alguma coisa. Quando isto acontecer não ligue para o seu pai.
— Ele não é meu pai. – digo com convicção.
— Eu sei que o seu coração vai se encher e magoas – diz ignorando o que eu havia falado. - e você vai querer que ele pague por tudo. Mas não faça isso, não caia na tentação por ele, não estrague a sua vida por ele. É tudo o que eu lhe peço. Promete? – me pergunta com os olhos extremamente vermelhos de tanto chorar. Mas eu continuava negando com a cabeça. E como eu havia feito com ela há alguns minutos atrás, ela pega a minha cabeça e direciona o meu olhar com o seu. – Tem que me prometer Michael. – diz com o seu olhar suplicante.
— Mãe, eu não sei se consigo. – digo com a voz chorosa.
— Sei que consegue. Promete?
— Pro-prometo. – digo quase não conseguindo formular a frase.
— Eu amo tanto você Michael. – diz me dando um abraço apertado. – eu te amo demais, é o ser mais importante para mim.
— Eu também te amo mãe, eu te amo, eu te amo. – digo quase não aguentando. Eu me entreguei e me permitir chorar em colo como há muito tempo não chorava. – Não vá, por favor, eu te amo não me deixe... – sussurrava essa e outras palavras em seu ouvido.
Karen chorava silenciosamente enquanto sofria ao ouvir os desesperos do filho. E o seu coração se apertava ainda mais, quando pensava que ele poderia descobrir sobre o envelope que havia escondido na gaveta na cozinha mais cedo. Tudo o que ela mais queria, era vê-lo não sofrer daquele jeito.
*
Depois de fazer todos os deveres que os professores haviam dato nesta semana, eu deixo o meu corpo relaxar sobre o meu colchão. Deito-me e fico apenas ouvindo a minha respiração, era reconfortante saber que eu havia sido forte por mais um, que eu havia resistido às tentações da minha mente por não me sentir boa o suficiente. Eu adorava ouvir a minha respiração ou a pulsação que as minhas veias faziam, gostava de por a mão do peito e sentir a batida do meu coração. Estes momentos serviam como medalhas de mais uma batalha vencida.
— OLÍVIA! – sou desperta quando ouço o grito da minha mãe no andar de baixo.
— Sim?! – digo quando chego à sala depois de descer correndo.
— Eu e o seu pai estamos saindo, não temos hora para voltar. – ela diz e eu só confirmo com a cabeça. – Sei que não devo me preocupar, já que não possuí nenhum amigo. – “Por que insistia em jogar este fato na minha cara toda vez que conversávamos?” Essa pergunta sempre se apossava da minha mente. – Não espere acordada. – dizendo isso a minha mãe parte em direção a porta seguindo para o carro, onde o meu pai já estava impaciente de tanto esperar. “Que sorte a minha.” Depois dessa pequena conversa com a minha mãe, eu decido subir para o meu quarto e assistir a mais alguma série atrasada em minha grade. Mas antes disso faço uma pipoca, enquanto esperava infinitos 3:00min para a pipoca ficar pronta, vem a minha mente um momento doloroso, uma recaída que tive a dois dias atrás, neste exato momento passo a minha mão sobre a minha perna por cima da minha calça de moletom e sinto, sinto a dor que causei a mim mesma, sinto o peso dos meus atos, sinto a vergonha, sinto o medo. Eu tinha vergonha por sentir. Definitivamente eu não queria sentir, queria desligar as minhas emoções e não ligar mais para nada, não ligar o os outros achavam sobre mim, não ligar para os insultos que recebia, não ligar sobre não boa o suficiente, não ligar sobre a vida, eu queria apenas seguir os meus instintos e ser verdadeiramente feliz. Os meus tenebrosos pensamentos são despertos assim que ouço o barulho vindo do micro-ondas avisando que a pipoca já estava pronta. Eles haviam sumido por hora, mas era só uma questão de tempo até que voltassem a rondar na minha mente. Eu queria agora era deitar na minha cama quentinha e me deixar levar por mais um episódio de One Tree Hill, e esquecer. Enquanto olhava para televisão imaginando se um dia eu encontraria alguém tão legal como Lucas Scott, minha atenção é desviada para o meu celular, assim que ouço o mesmo apitar que significava a chagada de uma nova mensagem. O que era estranho já que ninguém nunca me mandava uma mensagem, ou poderia ser simplesmente a minha mãe, dizendo que ela e o meu pai não dormiriam em casa esta noite. Mas comprovo que estes pensamentos estão errados assim que leio o texto da mensagem.
“Olá queridos colegas, vamos a uma festa hoje à noite?”
Receber uma mensagem de uma pessoa que não era da minha família já era estranho o bastante, agora receber uma mensagem de Calum Hood me convidando para ir a uma festa já ultrapassava todos os limites impostos por mim de estranheza.
“Olívia, Charlotte e Michael, eu sei que vocês já leram, vamos ou não?”
A mensagem enviada por Calum no grupo do trabalho piscava em letras coloridas em minha mente. E chega outra mensagem:
“Se vocês quiserem ir, eu posso passar na casa de vocês e dar uma carona.” 
“Festa de quem Hood?” – e Charlotte o perguntava no grupo.
“Do Oliver Jones.” – Calum a respondia.
“Talvez”
“Você vai Charlotte?” – Hood a perguntava.
“Talvez.”
“Quer eu passe na sua casa?”
“De jeito nenhum.” – Charlotte finaliza.
“E você Olívia, vamos?” – Calum me pergunta.

Agora o que se passava pela minha cabeça era uma frase que estava impregnada na minha mente, há muito tempo. “Faça mais coisas que te assustem.” Será que deveria? As pessoas vivem me dizendo para me arriscar mais, mas o que elas não sabem é quão difícil isto é para mim. É difícil se libertar. Com estes pensamentos em mente eu digito uma mensagem de resposta a Calum. 

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